terça-feira, novembro 30, 2004

Clínica Geriátrica Com Corpos Comestíveis

Acordo de manhã e como toda manhã, me levanto pensando se poderia, ou deveria, dormir mais um pouco. Após me aprontar, faço o mesmo percurso de toda manhã. Chegando ao ponto de destino, e sem menor saco, entro em uma caixa enorme junto de muitos outros corpos,em sua maioria jovens, que lá habitam e que em sua maioria tem um jeito moribundo, misto de velhice e embriagueis. Sentamos todos voltados para a mesma direção. No ponto central ao qual direcionamos todos nossas vistas, brilha certa luz e abrem-se certos caminhos, mas só alguns de nós tendemos a percorrê-los, a maioria fecha os olhos e prefere ficar parado sem querer conhecê-los. Coitados não sabem o prazer que dá essas viagens, preferem ficar no desconforto de uma cela a qual eles mesmos criaram as grades, querem passar sempre pelos mesmos velhos caminhos sem graça, desgastado e sem novidades.
Quando a luz se apaga, no fim da manhã, fica a impressão de saciada certa sede insaciável, e também a vontade de desbravar, sempre, novos caminhos. De onde surge essa luz, aonde dará esses infinitos caminhos que não param de se multiplicar, será mesmo que são infinitos, e que sede insaciável será essa que nos move de volta todo dia ao mesmo lugar, será que um dia será saciada, e que lugar é esse que atrai tanta gente que quer sempre voltar, ao mesmo tempo em que obriga tantos a ter de aturar?

segunda-feira, novembro 29, 2004

A Arte Apolínea e a Ingenuidade...

Quando encontrarmos a "ingenuidade" na arte, reconheceremos o apogeu da ação da cultura apolínea, a qual começa sempre por derrubar um império de titãs, vencer monstros, e, triunfar, graças à poderosa ilusão dos sonhos jubilosos, sobre o horror profundo do espetáculo existente e sobre a sensibilidade mais apurada para o sofrimento.
F. Nietzsche; A origem da tragédia.

A Cultura Apolínea colocada por Nietzsche é a cultura da imagem, das formas, da beleza, ela é a arte da ilusão, pois tem o propósito de falsear a realidade, de torná-la bela... Encurtando o assunto ela é otimista.

Esse livro faz uma critica ferrenha a arte puramente apolínea. De que vale a arte apolínea, se não para entreter-nos durante um curto espaço de tempo até que você se enjoe dela, daquela imagem. É só isso que a arte apolínea é, imagem! Só uma curta sensação de prazer que dão as imagens, sejam elas as heróicas imagens de um deus que vence mil demônios, ou a de um lindo corpo humano jovem e saudável eternamente estático, e imutável em sua forma. Tudo isso só serve pra esconder o verdadeiro caráter trágico da vida. Para esconder o quão frágil, efêmero, é o homem e sua existência, o quanto está despreparado para se proteger da própria natureza. Serve apenas, para tentar fazer com que esqueçamos que o corpo belo e saudável do jovem inevitavelmente apodrecerá, já que estando sempre sobre o assombro das marcas proferidas pelo tempo e do tempo que marca o próprio corpo, um dia terá encarar a velhice que precede a morte.
Deixar de ser, acredito que está seja a idéia mais difícil de ser aceita, e não só aceita também entendida, pelo homem.
Leon Latour

sexta-feira, novembro 26, 2004

A morte da (a) Liberdade

Liberdade, liberdade... liberdade!? Rá... Grande baboseira, nosso grande sonho de Liberdade seria, não depender de nada. Não depender de comida, não depender de água, não respirar, não depender da carne, de matéria nenhuma, nem de nós mesmo.
Vamos ser francos, Liberdade não existe, nunca existiu e nem vai existir. Fui gerado preso a um cordão, cresci preso a minha mãe e minha família, e quem não tiver história parecida que se manifeste! Oras bolas, não me venham com essas teorias provenientes de um sonho, de um devaneio de igualdade. A igualdade que preguei e que pregaste, onde te coloca? no poder? Ou te torna ainda mais preso a responsabilidades? Lembro-me sempre amigos, nasci preso a um cordão e preso a esta terra, da minha carne jamais me libertarei, a não ser, no único momento onde talvez cheguemos a Liberdade, pois de tudo me desprenderei. Meu caro me diga, como podemos ser livres se ainda não somos um morto?

Esse texto foi feito por mim para ser publicado em um folhetim q produzia com uns amigos meus, oGuru. Na edição em questão, o tema era liberdade. o texto vem das minhas reflexões sobre as velhas utopias as quais eu e outros sonhávamos que um dia nos libertaria. Na verdade, não sei se há liberdade ou haverá. Para ser franco, duvido muito que seja possível. O sonho de liberdade não passa de um devaneio do espírito, espiritual. Algo que neste mundo, se é que existe outro, não poderíamos concretizar.

quarta-feira, novembro 10, 2004

pais dos horrores?

Porque no país dos Horrores? Porque aqui quase ninguém morre de fome, mas comida boa mesmo quase ninguém come. Aqui neste país tudo pode, mas só pra todos sem vergonha. As vezes me sinto como num sinistro sonho e q mais cedo ou mas tarde, acordarei em um colo...