segunda-feira, novembro 27, 2006

Chegando a Hora

Gostaria de dizer a todos
Que vou partir
Vou para o interior
Carrego comigo só os meus sonhos
Minhas feridas
E uma flor.
Vou em busca de um novo amor
em busca de um novo amor...
Adeus.

ANDANDO COM OS PÉS DESCALÇOS

Acordo de manhã e calço meus chinelos
Tomo meu banho, visto meias e sapatos
Ando pelas ruas onde não há...
Pés descalços.

Encontro pessoas,
Cumprimento meus amigos.
Esqueço que existo.
Sinto-me oprimido na multidão
De sujeitos e passos
De pensamentos dos quais me desfaço
Sentamos em mesas,
Discutimos, debatemos, refletimos
Sempre do mesmo modo,
Sempre a mesma besteira.

Gostaria de construir algo.
Aliás, gostaríamos de construir algo
Mas, “algo” pode ser qualquer coisa.
Não sabemos o que queremos,
Talvez até saibamos
Mas, não sabemos como!
Quando passo nas ruas
Quando conheço alguém
Quando converso nos bares
Não encontro um sentido.
Uma via expressa por onde andamos
Em busca de um objetivo
Um desejo comum,
Capaz de ser compartilhado.
Ao invés disso,
Vejo pessoas desorientadas
Perdidas, sozinhas
Não sabem o que querem
E não querem pensar

Quando me sento sozinho na escada
E fico ali parado a olhar
Sinto uma agonia terrível
Causa provável, seja a fuga da natureza
Hoje tão distante da nossa realidade
Entre prédios, ruas, asfalto
Postes elétricos e sapatos de borracha.
Quase não há espaço para o céu
E iludidas, as pessoas desalmadas,
Há muito não colocam os pés no chão.
Flutuam pela vida
Como folhas que caem de uma arvore,
Levadas pelo vento
Sem pensar e nem saber de nada.

Diana (Proesia)

Uma rua, rio negro de preto óleo, signo do confronto entre dois mundos. Vejo-os de longe em desencontro, ele deixando-a ao abandono. Idéias em seus corpos, postos em opostos. Um de seu lado calçado e o outro fugindo. Vontade de se desligar, cortar qualquer laço, sem beijos, abraços, no meio do fluxo continuo divisor de águas, asfalto. Uma palavra dada ao acaso para ser emudecida pelo espaço, mas nada falso… um simples momento introspectivo.
Vindo de dentro resposta rápida do que não devia ser ouvido, um doce e lindo som divino me dizendo em tom vivo, como eco do que a pouco tinha dito. Ligação metafísica criada por uma linha fictícia, verbo. Mutuamente compreendido sentimento de autoconhecimento, certeza de ter em si centelha divina, criando em minha mente um belo retrato do passado de uma noite de aniversário em que o presente – expressão mal compreendida – foi um sorriso.

VÁCUO

Este espaço que nos custa caro
Em branco
Não serve
Amigo
Desamigo perdido

Vazio sem palavras
Nem significado
Esquecimento do que poderia
Ser dito

Escrito
Em versos
Nos versos
Espaços
Em pedaços
Mortos da história

Nada sobra
Nem se renova
Perdem-se obras
Velhas
Não se criam novas

Não há show sem improviso
Nem vida.
Não há nada escrito
Não vejo desenhos
Nem vejo rabiscos
















Espaço em branco
Informação perdida

Humanamente possível

Os seres humanos estão vazios
Já não merecem mais o mundo
Estão afogados em seu próprio egoísmo
Cegos por suas vinganças
Desconpensados de seus atos
Mortos como a carne de seus pratos!
Esqueceram dos significados da vida
Perdidos em satisfazer o impossível
Desalmados

Talvez sempre tenham sido assim
Mas prefiro acreditar que não
Quero me perder sonhando acordado
E não me perder dormindo em pesadelos
Não quero enganar a mim mesmo
Quero chorar na hora de chorar
Sofrer na hora de sofre
Sorrir na hora de sorrir
Quero ter consolo na hora do choro
Companhia na hora do riso
Quero poder não pensar em nada.
Sentir a vida como quem só,
Está de passagem

Louco e Bobo

Poderia dizer que sim
Poderia dizer que não
Poderia mentir pra mim
Ou poderia não
Mas preferi escrever esse verso simples
Para entregar-te a mão
Feito com bobas rimas minhas
Mas feito de coração.

Tão tolo
Como só eu
“Aquele louco”
Diria de quem escreveu

Mas com muito amor
Saem versos sem razão
Puro de esplendor
Cheios de paixão

E quando te vejo
Cheia de beleza
E a cortejo
Esqueço o que é tristeza

Quem me dera
Estivesse aqui agora
Para beijar-te sem perdão
E ir embora

O vento

Ó vento que sopra
Pacificando minha alma
Levando embora minhas magoas
Minhas fantasias e meus desejos
Passando por mim como passa o tempo
Fazendo-me vê-lo passar
Levando lembranças e memórias
Do que não quero mais lembrar
Passa vento, passa!
E me passe o alivio de não ter mais o que pensar
Passa vento, passa!
Leve tudo consigo
Mas deixe-me aqui parado sempre
Para sempre vendo o tempo passar

Amizade, Nobre, Saudade

Era tão bom acordar cedo e me preparar
Tinha a certeza de te ver
Ia à faculdade com felicidade
E um presente pra você
Nunca tive coragem de admitir
Mas te amava
Contemplava-te perdidamente
E fazia de tudo para te ver feliz
Quando te acompanhava na rua
Até a hora de nos separarmos
E na despedida, por muitas vezes,
Quase nos beijávamos
Eu fugia…
Fugia, pois naquela época era um grande covarde
Tinha medo de me apaixonar
O tempo passou e agora não te amo mais
Você está tão distante… tão longe
Mas ainda sinto saudades
Existe um sentimento nobre
Que nunca termina
Chamado amizade…