quinta-feira, abril 26, 2007

Agruras de Um Velho Bebado

O copo cantante de cerveja me chama, de maneira bem suave e baixinho, ele sopra meu nome "Latour, Latour, Latour...". Vou cambaleando em sua direcção e de maneira torpe agarro-o deixando cair seu conteúdo, ele grita! De um golpe só trago todo o resto sem deixar vestígios, amasso-o e o jogo no chão. De longe eu o ouço dizer chorando "Hoje estás a me deixar aqui, mas um dia serei eu que o deixarei". Aquilo mexe comigo, me embraveço e corro de volta ao ponto em que o deixei e sadicamente piso nele até vê-lo estraçalhado entre as pedras portuguesas... mesmo depois disso ouço seu fantasma que assombra minha cabeça com as seguintes palavras "voltaras a tocar tua boca na minha". tento esquecer, volto pra casa e deito para dormir. A cena de seu corpo dilacerado expremido entre as pedras perturba minha mente, rolo de um canto ao outro da cama suando frio. Não consigo dormir. Na manha seguinte passo novamente pelo bar e vejo que não há como fugir de suas palavras proféticas. Pego outro copo, volto a entornar cerveja até a boca e finalmente dou o primeiro de muitos novos goles.

domingo, abril 15, 2007

O Que a Tatuagem Não Quis Dizer

Encantou-me com seus beijos,
Quentes e úmidos.
Despiu-me de seu jeito,
Meigo e carinhoso.
Enganou-me com seu sexo,
Delicioso e perverso.
Deu-me um ano inteiro de amor.
Roubou-me a carência,
Sufocou o meu desejo.
Foi uma noite intensa

Adoro o jeito que fazem as curvas do seu corpo
Gostaria que fossem todas só minhas.
Cubro-te de elogios
Minto um pouco também
Tento trazer à nosso quarto encantamento e magia
Não vou esquecer do cheiro, das cores e nem das carícias.
Queríamos que fosse uma noite fria
E assim a fizemos
Gostaríamos que durasse para sempre
Mas ainda é impossível

Gostaria talvez de ter um filho
Quem sabe pra isso você não me sorri com o destino?

quinta-feira, abril 05, 2007

Coração

Meu rubro coração é enorme
Mas só tem uma estreita porta
E há vezes em que eu perco a chave
Ninguém entra, ninguém sai
Não adianta bater e gritar
Eu não posso abrir
Nem para entrar
Quanto mais para sair
Enquanto não acho a chave
Sofro pelos que me machucam por dentro
Faço sofrer os que ficaram de fora...


Onde será que deixei a chave?
Na gaveta,
No armário,
Na sacola,
No parque?
Não acho, não acho!

Será que está naquele velho amor batido,
No ultimo caso esquecido
Na companhia que bêbado tive?
Não creio, talvez tenha jogado fora

Quem sabe tentando parar esse tempo
Frear a história
Acabar de vez com toda essa mudança que tanto incomoda.