quinta-feira, novembro 13, 2008

sábado, julho 26, 2008

Da Prosa à Poesia

Finda a noite em sol nascente
Crepúsculo das estrelas.
Torpe o álcool
circunda nossas veias
Rege nossa dança
Nossos suores
Nossos beijos

Ósculos de nossos sexos
Objeto
De nossos prazeres

Entrega-se em delírio
Na força nula de bêbeda
Passa o tempo
Passa o álcool e muda-se o texto. Já não tem a forma de antes.
Já não é mais espontâneo, já não soa como seus pensamentos. Agora se apresenta como arranjo, mostra-se forjado como a prosa em texto. Já não tem mais poesia é só conveniente. Como pode ser assim? Não deixar fluir a paixão, falsear a sensação é como ignorar metade do corpo, senão ele inteiro.
Agora arquiteta, palavra por palavra. Toma o cuido com sua expressão afim de fazer dela o mais apropriado. Preserva-se assim diante de uma mascara, mascara essa que vã, não a desprotege de nada? Estranha e doce é a ilusão, as vezes achamos que enganamos nosso âmago. Mas à face oculta das razões de nosso sentimento e esquecimento não conseguimos dissimular por completo, jamais, em nossas expressões.

quarta-feira, julho 02, 2008

"Pessoa que não é Prosa pode dizer Poesia" diziam Novos Baianos

Ele era jovem... mas só era um ali, tentando se destacar. Usava poesia como forma de expressão! Mas, só isso não bastava... Não supria com suas necessidades. Ele queria mais. Em seu trabalho de tradutor para um comerciante, via ele que não conseguiria mais. Sua única chance: a poesia. Era a única coisa pela qual ele se arriscaria sair da posição social em que se encontrava - um anônimo -. Escreveu então todo seu pensamento em uma obra. Simples. Aproveitou-se de que já escrevia em uma pequena revista sobre literatura e escreveu uma coluna que dizia o seguinte: Surgiu então o novo maior poeta da língua lusitana ! Enfim, um poeta que destituirá o cargo de Camões ! Ele é apenas um camponês, vive nas montanhas e vive só, trabalhando como um pastor!


Seu anuncio de poucas linhas causou um caos na comunidade dos letrados da terra do galo. Todos discutiam se ele era ou não era um verdadeiro substituto para Camões. Mas... estranho ? Ninguém falava de seus versos, ninguém falava nos seus livros? Nas salas as discussões eram imensas. Falavam a respeito da sua vida. Discutiam se sua origem humilde era coisa boa ou não. Falavam uns que ele era um gênio pois, "para um camponês que aprendeu a ler e escrever sozinho, seu aprofundamento filosófico era uma obra de arte". Outros diziam que sua obra era como a de uma criança de 13 anos que se põe a escrever.


Indiferente das opiniões opostas, o fato é que ninguém tinha lido o livro e portanto só falavam de aspectos dedutíveis da pequena coluna feita por nosso personagem tradutor. Enquanto essas discussões banais aconteciam, procuravam, alguns mais atentos, o tal livro tão falado. Mas não era só um o livro, na verdade eram dois e um dos quais nós falamos era escrito por um pastor apaixonado. Alberto, de nome simples, nome honesto como guardador de rebanhos ele trabalhava. Os que leram os dois pequenos livros se elevaram aos assuntos mais relevantes no livro tratado.


Tão interessante eram as conversas cultivadas que impressionava os que não leram o livro, ultimamente o mais falado. Após todos se dividirem, uns o apoiaram e reafirmaram, tratando como fato consumado ser ele o substituto de camões, por anos aclamado. Não sabiam eles quem esse humilde pastor era em pessoa na verdade. Nada tinha de humilde nada tinha de solitário (exagero da minha parte), essa pessoa era filho de diplomata e o mundo tinha rodado, foi a conhecer a Africa, Inglaterra, e a Europa em parte. Mas se estabeleceu em Porto Galo. Era ele o mesmo que todo esse debate em uma simples noticia tinha começado.

E se beneficiado.


verde calma clara
é a vida por essa janela
azul celeste cobre os tetos
tocando
negra pasta tóxica
por onde passam os carros

asfalto
Cola no horizonte
a abóboda celeste
com o verde amarelado

das matas do Centro Oeste


Leon Prado

terça-feira, junho 24, 2008

Não é Tênue a Linha

Erotismo

s. m.,
amor sensual, lúbrico;
amor físico, prazer e desejo sexual distintos da procriação;
exaltação de tudo o que é referente ao desejo sexual;
paixão amorosa.


Erótico
Do Lat. eroticu -- Gr. erotikos, relativo do amor
adj.,
relativo ao amor físico, ao prazer sensual;
lascivo;
sensual;
lúbrico.


Pornografia

do Gr. pórne, prostituta + gráphein, descrever
s. f.,
representação (por escritos, desenhos, pinturas, filmes ou fotografias) de cenas ou objectos obscenos destinados a serem apresentados a um público;
colecção de pinturas ou gravuras obscenas;
carácter obsceno de uma publicação;
devassidão.


Pornográfico

adj.,
relativo à pornografia;
obsceno;
libidinoso;
impudico.


Interessante. O texto acima foi tirado de um dos dicionários mais simples que existem o http://www.priberam.pt/ ; mas nele já se separa tão bem os objetos referentes a cada palavra, que depois de lê-lo dificilmente alguém cometeria o imaturo erro confundi-los. Discutir os limites de um e outro é como discutir o que são peras e o que são maçãs. Esse e outros tipos de discussão dentro do terreno dos pseudos intelectual são além de freqüentes, muito comuns e denotam uma imaturidade por parte de quem os pratica.
Como comunicador, acho que seria útil à quem pratica esse tipo de ação eu explicitar onde se encontra o erro gerador do eixo central dessa discussão: na falta de conhecimento. Sim na falta de conhecimento! Rs.. calma, eu sei, não é só isso. Esse não é um texto acadêmico então não há razão para tanto formalismo.
Essa falta de conhecimento, se chama ruído. Na base da comunicação temos três elementos principais o Emissor, o Meio e o Receptor. Vamos separar os elementos agora, o Emissor seria a pessoa que faz uma afirmação, o meio seria a língua portuguesa (no caso presente), ou seja o canal por onde caminha a informação para chegar ao terceiro elemento o Receptor. O fato de nunca procurar em algum dicionário o significado das distintas palavras leva o errante (procurem essa no dicionário também, vale a pena) a criar um ruído na informação, ou seja: o meio, o caminho, o canal, a via por onde a informação passa do emissor, para o receptor tem algum distúrbio que impossibilita a nítida compreensão deste por aquele, impossibilitando um dialogo mais preciso e turvando a compreensão entre os dois pontos.
Envolvido pela curiosidade de onde teria nascido esse ruído – a confusão que o emissor criou entre erótico e pornográfico – fui ainda mais longe em minhas reflexões a cerca do assunto e cheguei a seguinte conclusão: Por não consultar o dicionário em algum momento decisivo para cognição e compreensão correta dos dois termos, o emissor apreendeu por sensações particulares (conhecimento a priori) sobre o que seria um e outro, desse modo internalizou os dois objetos de maneira muito subjetiva (pessoal), o que o impossibilitou de os distinguir claramente. Na tentativa de fazê-lo, cometeu um erro grosseiro: separou-os por uma ordem de grandeza baseada no status, como por exemplo: erótico é classe A (burguês) e pornografia é classe C (proletário), esse erro além de grosseiro é bobo e classista. Uma simples leitura do dicionário teria evitado esse erro absurdo e permitido a correta compreensão dos dois termos.

Agora, avançando um pouco mais nessa discussão, gostaria de expor algumas reflexões sobre o tema pornô/erótico:

1º) Erotismo --> A palavra erótico tem sua origem em Eros o deus do amor, diz respeito ao que é relativo ao amor, amor como prazer sensual. O erotismo é o ato sexual em si pelo prazer e livre de qualquer outra obrigação que não seja o deleite sexual. É por excelência um prazer sensível. Porem o prazer erótico pode ser despertado (e agora vocês vão rir) por uma árvore, um gato ou uma bola de futebol, um fogão a lenha, uma torradeira, uma pedra no rio, um carro e porque não pornografia: três mulheres nuas, uma mulher com um pênis (isso pra mim é bizarro, mas rola, tem um monte ai nas esquinas da noite urbana e de dia na praia de Copacabana), assim como por uma fotografia, um filme, um texto, minha própria mão ou................. a sua.

2º) Pornografia --> o sufixo grafia nos leva a entender que tem de ser necessariamente algo gravado, marcado, registrado. Um livro, uma foto, um desenho, um filme, uma escultura, um desenho rupestre etc... Se formos fazer uma tradução livre do prefixo mais o sufixo separados (agora vcs vão rir de novo), teríamos mais ou menos o seguinte resultado “descrição da puta” ou de repente, quem sabe, uma “Puta descrição”, rs... ignorem o segundo, foi uma piada. Mas falando sério, isso acontece porque o prefixo “Pornô” significa “prostituta” o que nos leva a acreditar que pornografia seria a descrição, uma espécie de estudo, sobre o ato sexual. Concluindo sem rodeios (já estava lá em cima no dicionário) Pornografia é o registro do ato sexual.

3º) Pornografia/Erotismo --> Existe o erotismo na pornografia! Oras? afinal, não estão os atores do filme em um explicito ato erótico? Se descartarmos a possibilidade (e por favor não cometam o erro de questionar isso) de que os protagonistas de filmes e revistas pornôs estão ali apenas pelo dinheiro, não estriam eles dentro de um tremendo ato erótico, não estão eles se despertando para o prazer sensual e sexual sem pretensão de procriar? Pois bem, não está o espectador, também, despertando em si o prazer erótico ao consumir o conteúdo pornográfico e se masturbar, ou se estimular de qualquer outra maneira? Acredito talvez, que na época onde se originaram essas palavras o conteúdo pornográfico não passava, talvez, de uma espécie de manual para os amantes. Algo tipo o Kama Sutra que ao contrario do que pensa a maioria (nunca acreditem no Fantástico) nada tem a ver com ilustrações, se tratando apenas de um livro sem desenhos, de estudos teóricos e práticos sobre o ato sexual. Sim, são muitas as posições! O curioso é que quem o escreveu nunca participou de nenhum ato sexual, dizem as escrituras que ele era um monge abstêmio.
Já, ao ver o homem ou mulher que alcança o prazer sensual registrando uma pessoa nua, pessoas nuas se masturbando, transando ou qualquer outra coisa por ai... esse registro pode ser, foto, desenho, filme, pinturas rupestres, tatuagem e o que mais sua imaginação conseguir alcançar; ao constatar que existem pessoas que tem como fonte do prazer: fazer o registro (conheço alguns, eu mesmo acho a idéia interessante – devo lembrar que sou desenhista ta galera – rs...) ficamos diante de um caso onde se invertem os papeis: o que antes era a fonte passa a ser a motivação. O erotismo que representava a fonte da pornografia troca de papel e passa a ser o motivador, ficando então a pornografia parte central do prazer erótico.

Bom, isso é só uma curta tese, vocês podem se matar por ai a vontade negando, discordando, reafirmando ou transformando. Está ai pra isso ... abraços...

segunda-feira, maio 19, 2008

Nececidade e desejo

Seca terra
Céu azul
Alto e bravo
Sol Candeia

Marca o chão
Largo rastro
Veia aberta
Época negra

Racha, o solo, em vão
No desejo por vê-la
Não sabe o quão
A chuva precisa dele

quarta-feira, maio 14, 2008

Volátil

Permaneço imóvel
Em silêncio profundo
Entre grandes monumentos;
Montanhas.

Firme lago me espalho
Com a solidez de um espelho d'agua.
A frente, fronte instável, mutante
Onde ventos se transformam...

Há tormentas à beira mar

Quebram-se as ondas
Inesgotáveis
--lua cheia--
Sentimentos passageiros.

quarta-feira, maio 07, 2008

Amor

O Rio é de janeiro
Soa como Março em meu coração
Brasilia seca
Nas aguas de Maio
Tem minha paixão

domingo, março 30, 2008

Corte



Corta o sangue
As veias pelo meu corpo
Bate forte motor
Concentra, Purifica e mantém
Circulante a lamina vermelha
Onde mal e porcamente
Sustenta vivo meu corpo

Matéria viva e suja
Impura
Imperfeição da natureza
Corpo corpo corpo
Estranho, estrangeiro
Alienado de sí mesmo
Forma desforme e grosseira
Corta o tempo ao tempo
Em que o sangue corta minhas veias

quinta-feira, março 13, 2008

Degradação


meu olho chora
só um,o direito
mas não chora por amor
por tristeza, raiva ou dor
nem por qualquer outro sentimento
Meu olho, o direito, o que chora
chora por meu corpo
Pois meu corpo chora
Não sabe até quando estará lá
mas sabe que se encurta o tempo
sabe que já não há tempo
por isso chora meu corpo
e lágrimas escorrem direitas ao olho

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Todos Escravos


Todos povos já foram escravos
Todos os povos já escravizaram
Todos os povos já tiveram seus reinos
Onde seus deuses reinavam
Todas as cores, crenças, raças e etnias
Já se misturaram

Novos povos nasceram
Novos deuses se criaram
Novamente escravizando
Novamente escravizados

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Abalar


Abalar

v. tr.,
abanar, agitar, sacudir;
fig.,
causar temor, alvoroço, inquietação;
fazer mudar de opinião, de propósito;
enternecer;
comover;
v. int.,
partir;
retirar precipitadamente;
fugir;
ir-se embora.

Dor


Dor

domingo, fevereiro 10, 2008

Ilustrações poéticas


Material usado:
CPU: Pentiun D 3400
Tablet Genius Mouse Pen 8x6
S/O: Linux Ubuntu
Software: Inkscape Illustrator; GIMP

Essa é a primeira de uma série. Estou tentando explorar o recurso poético dentro da ilustração. Seriam... ilustrações poéticas. O que é a poesia? Ao meu ver a poesia é um recurso figurativo que busca estimular a reflexão de maneira sensível. Não é um recurso exclusivo da escrita, como toda forma de arte ela permeia e invade todas as formas de expressão. Então dentro dessa série tento explorar a ilustração e de certa maneira o quadrinho, para difundir essa forma de arte e despertar a sensibilidade e a reflexão dos meus --por enquanto-- poucos, mas muito estimados leitores. Bom, isso tudo sem esquecer da beleza estética, claro.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

O Risco


Essa ilustração foi totalmente produzida em software livre.
Material usado:
CPU: Pentiun D 3400
Tablet Genius Mouse Pen 8x6
S/O: Linux Ubuntu
Software: Inkscape Illustrator

Até hoje, esse é o melhor programa que já vi para desenhar com tablet direto em vetor. A ferramenta que ele possui aproveita os recursos do tablet de maneira que nunca vi antes, nem mesmo no nosso querido Adobe Illustrator. ele simula de maneira exemplar um pincel ou uma caneta nanquim, ou mesmo uma bic. Para um software livre que está em uma de suas primeiras versões já começou com o pé direito e na frente de muito programa milionário.
Bom, para quem se interessar por ele o download do programa é gratuito e ele tem versões --em português também-- para Mac OS, Linux e Windows. O site é: http://www.inkscape.org/
ou vc pode baixar nos sites como http://www.superdownloads.com.br e ou http://www.baixaki.com.br

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Incômodo


Sentado sem ter o que pensar, Linhas na minha frente. Papel caneta; que nada! Há apenas um teclado. Estou incomodado, gostaria de ter a chave que abrisse portais da verdade. Não tenho... Me sinto mal, me rodeia o incomodo. Escrevo, Bato teclas, quebro o silencio noturo, sufoco a musica dos grilos apaixonados. O que me incomoda? O fato de saber não ter o controle sobre as coisas, sobre as pessoas. Esse desejo despótico e tirano --sem duvida desejo de todos--. Mas me bastaria controle sobre mim mesmo. Não o tenho, foge-me os sentidos no tempo. As sensações no sentimento. Perco-me em total descontrole. Devaneios. Me sobram cacos de histórias. Preso em um destino cruel: o que me deram os deuses. Quem dera eu ter cantado antes ao Tempo para que este me deixasse em paz e são, quem me dera antes ter louvado os santos e pedido sua proteção...
Projeto meu destino a curto prazo, não me interessa mas saber se o Destino --outro entre os deuses louváveis-- me sorri ao esbarrar seu irmão, Acaso. Se a Sorte, linda e perfeita deusa, a mais belas entre as belas ninfas do Tempo, desejar, por mim, andar com seu senhor amado de braços dados, ou se o indesejado Azar, que gosta de acompanhar as pessoas, resolver seguir-me passo a passo. Peço aos bons deuses que me ajudem em momentos delicados, peço ao Vento que leve a frente, eternamente, distante, todos os maus agouros que em mim possam querer apoiar-se.
Corpo ereto, cabeça fria, olhos cerrados. Manter-se calmo, sigiloso e concentrado. Passa então com essa reza os desconfortos do passado. E a esse lindo ser abstrato, o Passado, agradeço por tudo devorar em sua enorme boca com milhares dentes afiados! Ficam aqui meus votos de bem aventurança e muito poder a todos os deuses e deusas que nos fazem esquecer. Dadiva divina para poucos mortais, os quais sabem aproveitar seus poderes tão eficientes e tão prestativos no caminho da vida e na busca pela felicidade. De que vale a vida se não há temos em meio a risos, gargalhadas, lagrimas, tristeza e sentimentos variados? Reconheço que o encanto está na queda à qual posso me levantar. Mas longe de mim o Fracasso, esse deus demoníaco que dentre todos os outros merece o mais cuidadoso respeito na mais forte couraça. Beijos e abraços. Bateu-me agora o Sono. Gloria ao Sono querido e estimado.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Prazeres


Nua e exposta ela estava
Exibindo suas belas curvas
E nossa conversa, duras
As verdades

Gostaria de provar o gosto
Amargo de sua carne
Fazê-lo doce!
Saciar uma sede
Talvez primata
Selvagem
Do prazer pleno e puro
A chegada ao orgasmo

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Sonhologia


Para onde passam os pássaros?
Por sobre passos de quem em sonhos passados
Sonhava que voava por sobre as arvores

Mas agora é tarde, passos passam apressados
Não voam longe, não escalam montes
Não apreciam verdes Prados

Prisioneiros de rotinas diárias
Descontentes com seus trabalhos
Encarcerados, sufocados, encerrados!
Ruas: estreito de enormes prédios e ares pesados

Grandes cidades, pequenas pessoas, muita desigualdade
Não são formigas e nem comem asfalto
São carne viva vivendo em civilidade

AlmaGamar


Amalgamam-se teu corpo e o meu
Sinto fundir o sopro de nosso espirar
Torna-se una a imagem de nossos corpos
Enlaçam-se nossos dedos
Encostam-se nossas palmas
Hermeticamente fechas

No alinhar de nossas retinas
O abrir e fechar de nossas íris sincronizadas
Embaralham-se nossas pernas
Encaixam-se nossos sexos
E amam-se nossas almas gamadas.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

PARTO

Daqui a pouco vou dormir
Como de costume não sei se vou acordar
As dores tem se intensificado
Vivo cada dia como o meu ultimo
Sem clichés: não vivo eles intensamente
Não extraio deles o máximo que posso

Passo maior parte do tempo tentando esquecer
Tentando controlar a dor que sinto
Me concentro em fingir pra mim mesmo que nada está acontecendo
Tento me recordar como era minha vida antes
Como era minha vida saudável, mas não me lembro
Parece não haver um “antes”

Não falo mais como antigamente
As palavras me fogem e se embaralham em minha língua
Não penso mais tão rápido e não sou mais tão criativo
Não me concentro mais em nada
O máximo que escrevo são desabafos.

Ler é algo que ainda tento
Diante de muito sacrifícios levo a frente algumas paginas
Sei que estou com os dias contados e não me sinto mais estimulado
Estimulo é algo que não me faz mais sentido
Nada mais faz sentido

Sair da vida deve ser algo frio disse nosso ministro. Gil.
Talvez sair sim, mas não creio que seja assim do outro lado
Um feto reclama ao sair do útero materno
Mas acho muito difícil que alguem depois de expulso
Queira em plena consciência deixar o sua vida para voltar para lá

Assim vejo a vida:
Não queremos nos desgarrar dela
Não tenho duvida de que morrer deve ser tão sofrido quanto um parto
Sair do útero da matéria não deve ser fácil
Mas duvido muito que alguem queira voltar

Nada a reclamar do seio da mãe terra
Fui por ela muito bem recebido e gosto muito de tudo que é dela!
Mas pretendo deixar tudo aqui com ela, se ela me permitir.
Beijos a todos e tudo desta vida
Mas vou em frente, sempre...
No tempo não há regresso. Assim espero.