sábado, julho 26, 2008

Da Prosa à Poesia

Finda a noite em sol nascente
Crepúsculo das estrelas.
Torpe o álcool
circunda nossas veias
Rege nossa dança
Nossos suores
Nossos beijos

Ósculos de nossos sexos
Objeto
De nossos prazeres

Entrega-se em delírio
Na força nula de bêbeda
Passa o tempo
Passa o álcool e muda-se o texto. Já não tem a forma de antes.
Já não é mais espontâneo, já não soa como seus pensamentos. Agora se apresenta como arranjo, mostra-se forjado como a prosa em texto. Já não tem mais poesia é só conveniente. Como pode ser assim? Não deixar fluir a paixão, falsear a sensação é como ignorar metade do corpo, senão ele inteiro.
Agora arquiteta, palavra por palavra. Toma o cuido com sua expressão afim de fazer dela o mais apropriado. Preserva-se assim diante de uma mascara, mascara essa que vã, não a desprotege de nada? Estranha e doce é a ilusão, as vezes achamos que enganamos nosso âmago. Mas à face oculta das razões de nosso sentimento e esquecimento não conseguimos dissimular por completo, jamais, em nossas expressões.

quarta-feira, julho 02, 2008

"Pessoa que não é Prosa pode dizer Poesia" diziam Novos Baianos

Ele era jovem... mas só era um ali, tentando se destacar. Usava poesia como forma de expressão! Mas, só isso não bastava... Não supria com suas necessidades. Ele queria mais. Em seu trabalho de tradutor para um comerciante, via ele que não conseguiria mais. Sua única chance: a poesia. Era a única coisa pela qual ele se arriscaria sair da posição social em que se encontrava - um anônimo -. Escreveu então todo seu pensamento em uma obra. Simples. Aproveitou-se de que já escrevia em uma pequena revista sobre literatura e escreveu uma coluna que dizia o seguinte: Surgiu então o novo maior poeta da língua lusitana ! Enfim, um poeta que destituirá o cargo de Camões ! Ele é apenas um camponês, vive nas montanhas e vive só, trabalhando como um pastor!


Seu anuncio de poucas linhas causou um caos na comunidade dos letrados da terra do galo. Todos discutiam se ele era ou não era um verdadeiro substituto para Camões. Mas... estranho ? Ninguém falava de seus versos, ninguém falava nos seus livros? Nas salas as discussões eram imensas. Falavam a respeito da sua vida. Discutiam se sua origem humilde era coisa boa ou não. Falavam uns que ele era um gênio pois, "para um camponês que aprendeu a ler e escrever sozinho, seu aprofundamento filosófico era uma obra de arte". Outros diziam que sua obra era como a de uma criança de 13 anos que se põe a escrever.


Indiferente das opiniões opostas, o fato é que ninguém tinha lido o livro e portanto só falavam de aspectos dedutíveis da pequena coluna feita por nosso personagem tradutor. Enquanto essas discussões banais aconteciam, procuravam, alguns mais atentos, o tal livro tão falado. Mas não era só um o livro, na verdade eram dois e um dos quais nós falamos era escrito por um pastor apaixonado. Alberto, de nome simples, nome honesto como guardador de rebanhos ele trabalhava. Os que leram os dois pequenos livros se elevaram aos assuntos mais relevantes no livro tratado.


Tão interessante eram as conversas cultivadas que impressionava os que não leram o livro, ultimamente o mais falado. Após todos se dividirem, uns o apoiaram e reafirmaram, tratando como fato consumado ser ele o substituto de camões, por anos aclamado. Não sabiam eles quem esse humilde pastor era em pessoa na verdade. Nada tinha de humilde nada tinha de solitário (exagero da minha parte), essa pessoa era filho de diplomata e o mundo tinha rodado, foi a conhecer a Africa, Inglaterra, e a Europa em parte. Mas se estabeleceu em Porto Galo. Era ele o mesmo que todo esse debate em uma simples noticia tinha começado.

E se beneficiado.


verde calma clara
é a vida por essa janela
azul celeste cobre os tetos
tocando
negra pasta tóxica
por onde passam os carros

asfalto
Cola no horizonte
a abóboda celeste
com o verde amarelado

das matas do Centro Oeste


Leon Prado