quarta-feira, janeiro 09, 2008

PARTO

Daqui a pouco vou dormir
Como de costume não sei se vou acordar
As dores tem se intensificado
Vivo cada dia como o meu ultimo
Sem clichés: não vivo eles intensamente
Não extraio deles o máximo que posso

Passo maior parte do tempo tentando esquecer
Tentando controlar a dor que sinto
Me concentro em fingir pra mim mesmo que nada está acontecendo
Tento me recordar como era minha vida antes
Como era minha vida saudável, mas não me lembro
Parece não haver um “antes”

Não falo mais como antigamente
As palavras me fogem e se embaralham em minha língua
Não penso mais tão rápido e não sou mais tão criativo
Não me concentro mais em nada
O máximo que escrevo são desabafos.

Ler é algo que ainda tento
Diante de muito sacrifícios levo a frente algumas paginas
Sei que estou com os dias contados e não me sinto mais estimulado
Estimulo é algo que não me faz mais sentido
Nada mais faz sentido

Sair da vida deve ser algo frio disse nosso ministro. Gil.
Talvez sair sim, mas não creio que seja assim do outro lado
Um feto reclama ao sair do útero materno
Mas acho muito difícil que alguem depois de expulso
Queira em plena consciência deixar o sua vida para voltar para lá

Assim vejo a vida:
Não queremos nos desgarrar dela
Não tenho duvida de que morrer deve ser tão sofrido quanto um parto
Sair do útero da matéria não deve ser fácil
Mas duvido muito que alguem queira voltar

Nada a reclamar do seio da mãe terra
Fui por ela muito bem recebido e gosto muito de tudo que é dela!
Mas pretendo deixar tudo aqui com ela, se ela me permitir.
Beijos a todos e tudo desta vida
Mas vou em frente, sempre...
No tempo não há regresso. Assim espero.

2 comentários:

amanda costa disse...

E aí Leon,
como está aí em Brasília?
Td tranquilo? Fique bem.

beijos!

mari lou disse...

achei lindo o paralelo q vc fez com o nascimento e a morte, essa coisa d ñ qerer voltar depois q se sair do útero materno ou da matéria... mas, sei lá, eu bem qeria voltar pro bucho d mainha!!! heheh fugir destes qestionamentos loucos e dessa realidade q oprime tanto a gente, q ateh a capacidade d criar tem seus momentos d crise...

enfim,

bjo,
té!