segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Carta para Alberto (continuação)

Parte I

Gosto de sentar-me à beira-mar

Não por ter espaço e silêncio ou qualquer outra coisa que
não esteja lá

Mas simplesmente por poder admirá-lo sem pensar
Praticar tão bela arte que me ensinou.
Gosto de estar lá por estar e nada mais…
Acompanhado do vento, da areia, do sol e das ondas.
Feliz por nada ter a dizer para eles
E por nada ver neles alem do que são
Sol, areia, vento, mar.


Parte II

E quando levanto
Esqueço que lá estive
Pois lá era outro lugar
Agora penso em como estou
Bem em sentir-me
E sentir-me, sem pensar em nada
Sabendo que assim prosseguirei.
Sem memória. Sem passado.
Vivendo. Simples: vivendo...

Parte III

Não vivo para os outros
Nem vivo para mim
Apenas vivo.
Pois este é o único jeito
Do contrario, se houvesse outro
Teríamos um outro dizer que não fosse viver.
E sempre que lembro da grandeza deste estar
Agradeço a você, pois foi te conhecendo que aprendi...
Mas logo esqueço e continuo em meu caminho
Aquele que só quem segue sou eu.

Parte IV

Enquanto ando
Quando encontro uma encruzilhada
Escolho o rumo que me estiver mais próximo
E se puder nem vejo que eram duas as estradas
Que diferença faz os caminhos que escolhemos?
Se no passar da vida
Onde nossos olhos apreendem tudo como belo
O infinito buraco ao qual precipita o tempo
Nos previne de reviver qualquer história


Parte V

E se as vezes minha poesia é feita de rima
E se as vezes não rima
Foi porque aprendi com você
A ser livre no fazer
De pensar em poesia
Como cada frase um verso
Como o verso de cada dia

Parte VI

Mas as vezes dou voltas
Mas nas voltas que dou
Não me contradigo nem me perco
No eterno retorno do que já foi dito
Reedito o que já foi escrito
E reescrevo o que já me disse
Passo então para frente o que aprendi
De uma nova maneira
Para novamente ser lido
Esperando com isso que alguém se ilumine

domingo, fevereiro 25, 2007

Quem Sabe Você Não Me Ensina a Sorrir?

Quero ver uma palhacinha sorrir
Não uma palhacinha qualquer
Tem de ser aquela que arrependido
De estomago revolvido, deixei ir

Quero contar-lhe uma piada
Tirar sua maquiagem
Arrancar todas as mascaras
E lhe perguntar se o amor existe

Não quero ver rancor
Do erro passado de um bêbado
Que tem um coração ferido e calejado
De uma primeira história de amor triste
E não correspondida...

À Alice















Alice,
Um encanto
Que ao verde manto
Alucinada beleza
Se põe a luz em minha vista
"De retinas tão fatigadas"

A morte
O corte
A sorte
Sua juventude ainda não conhece essas mazelas
Sua vida ainda são flores, sorrisos e mulheres belas.

ANTIGAS POESIAS

Bom, resolvi postar antigas poesias minhas que ainda não tinham entrado nesse blog. Elas são de 2001/2002, não sei ao certo mas, como gosto muito delas resolvi postalas.
abraços e boa leitura.


Na Velocidade Da Queda...

Uma fêmea no cio
Ele sai correndo
Trai o melhor amigo
Só pra transar

Um golpe direito
Uma facada no peito
Um tiro certeiro
Acabou de lhe acertar!

Muito ferido
Pela perda de um amigo
E muito sentido
A sua mulher há de abandonar

De cima de um prédio
Morrendo de tédio
Sem um remédio
A paisagem à de admirar

No rumo do asfalto
Desde muito alto
Num golpe travesso
Da janela acaba de se atirar

No caminho pra baixo
Pensado mais rápido
Perto do asfalto
Viu que por ela não valia se matar

O amor é cego
O ato foi burro
Em apenas um minuto
Viu que ainda tinha muitas mulheres pra amar...




Já Era Tempo

A morte é certa
A vida é uma reta
Que não sabemos onde vai dar

A vida é curta
Sempre na labuta
Nunca podemos aproveitar



Caminhando Pelo Rio

Um corpo estendido na areia
Uma pedra que cai
Um momento em que tudo se clareia
Uma vida que não quero mais

Um toco de madeira que queima
Uma fogueira sempre me atrai
Um menino que mora na rua
Uma injustiça! Acho q a vida vale mais

domingo, fevereiro 18, 2007

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Os coturnos de meu tempo

Quando calço meus coturnos
Quando visto minhas calças
Quando vejo o passado virar presente
Volto a ser mero rebelde adolescente

Aquele mundo adulto de fantasia
Que só as crianças que não encontram verdade
Entre responder e ter responsabilidade
Perdem o tempo revolvendo-se de paixões perdidas

Miseráveis criaturas. Meus coturnos...
Porque ainda os visto?
Pra que cometer esse ato
voltar a ser sempre aquele errante?

Com os pés no chão crio raízes.
Não erro em vão
Alongar-me das profundezas aos mais altos galhos
Demora tempo e demanda trabalho.

Para uma arvore florescer
Muito do chão por baixo da verde relva
Esticando seus negros galhos pra cima da floresta
Tem de absorver

Na divisa entre o Céu e a Terra
O seu espirito, semente, fonte de sua vida
Alimentado e alimentando todas as matérias
Tem de permanecer

domingo, fevereiro 04, 2007

Amálgama

Meus pelos tocam os teus
Minha boca sente doce gosto, teu suor.
Encontra meus olhos com teu terno olhar
Revolve um mundo em nosso redor

Na penumbra da luz mortiça
De uma vela lânguida que nos alumia
Dançam as sombras na parede
Com a chama que suavemente
Adula teus poros úmidos de desejo

No passear do toque de meus dedos
Por curvas exatas, as quais me pergunto se mereço
Degusto nos afáveis lábios o prazer de cada beijo

Imensurável prazer que me possui
De apreço inestimável e fortuno
Deleite de dizer-te minha.
Mesmo que apenas nestes humildes minutos
Em que ofegante sucumbi em minha cama
Exaurida a força, pernas tremulas e totalmente nua…

Contínua

Enquanto quebram-se vidros
Ao som dos estilhaços
Ouvidos argutos mostram-se vivazes
E ruídos a mais preenchem o espaço

Nas frinchas, frestas e buracos
Correm soltas criaturas
Pronunciando murmúrios de ansiedade
Com suas vidas despropositadas

E sem explicação que justifique
Se multiplicando nos diferentes caminhos que se multiplicam
Seguem sem razão nem destino
Por suas invisíveis passagens

Sucessivo movimento inexplicável
Até o momento da morte
Onde aparentemente para; a vida continua
Continua, continua e continua…
Se esgueirando por guetos sujos e limpos parques.

Retorno à Solidão ( solidão, como entidade física e feminina)

Ao mar amado
A mando Amanda
E que esse barco
Só por ti Velejado
Não volte!

Rumemos por marés opostas
E que assim continuemos
Rumando em frente
De costas

Quem sabes, assim
Não conhecerás
Mais do mundo do que eu?

Um dia podes até reconhecer
Que das mentiras me contou
Em nenhuma acreditei
E sabendo do esperto que sou
Me calei...

Esperava o momento em que me vieste com a verdade
Ela nunca veio
Mas tu foste, rumo ao mar
E assim espero que continue indo
Pois, não quero vê-la voltar.